E como dizem por aqui:
Faaaala feras, aqui é Helena Calil.
Sou jornalista e falo diariamente para milhares de pessoas de todo o país sobre a vida.
Amplo assim.
Essa declaração pode causar estranheza em quem já me conhece e sabe que eu trabalho em
um canal de esportes.
Bom, é aí, meus amigos que está o ponto central. Engana-se quem classifica o esporte como uma esfera a parte. Ele se conecta a todos os outros universos. É sociologia, física, matemática, economia, política, biologia, história, geografia, filosofia. E é literatura.
Para mim, esse é o principal atrativo.
Minha missão diária é “desrobotizar” a visão do mundo esportivo, humanizando os personagens ao contar as suas histórias. Então começo pela minha: conheço o mundo pelo esporte.
Meu primeiro sentimento de felicidade pela conquista do outro, eu aprendi com o Senna
(sem muitos detalhes para não denunciar a idade).
A primeira vez em que senti a dor de uma grande perda, também foi com o Ayrton. Mas logo o futebol me ensinou o que era euforia com a Copa de 94. Aprendi a pertencer a uma tribo com o meu time de coração e também a respeitar às diferenças de quem não fez a mesma escolha.
Foi praticando modalidades coletivas que tive a noção clara de convívio e tarefas.
Descobri o que eram regras e punição. E também foi competindo que estabeleci metas.
Daí nasceram a disciplina e determinação que carreguei para fora de quaisquer quatro linhas.
E foi com esse aprendizado que fui buscar o meu sonho: trabalhar justamente com o Esporte. Recém-formada, descobri que a FOX abriria no Brasil. Dei um jeito de arrumar o telefone de um dos diretores que, após muita insistência, aceitou me ouvir.
Pedi uma chance e ele me pediu um portifólio.
Queria avaliar alguma matéria de esporte que eu já tivesse feito para a televisão. Ótimo, sem problemas, exceto pelo fato de, até ali, eu nunca ter feito uma reportagem televisiva de cunho esportivo. Apenas político e econômico.
Não tive dúvidas: liguei para um amigo da Federação Paulista.
Era janeiro, o futebol estava parado. Pedi então alguma curiosidade da Copa São Paulo. “Olha, Helena, não sei se te interessa, mas nessa edição são 15 Romários inscritos” – me respondeu.
Puxei a lista de inscrição. Tinha Baggio que já havia perdido pênalti pela equipe do interior; atacante chamado Taffarel. Pronto: aquela seria a minha reportagem.
E fui atrás de um dos Romarinhos para entrevistar.
Vi que o mais próximo ia jogar em São José dos Campos. Arrumei hospedagem.
Emprestei equipamento de filmagem. O microfone não funcionou na hora, então coloquei legenda na edição. Eu não… na verdade foi um amigo que quebrou o galho e editou o material comigo.
E apresentei a matéria pronta à diretoria do FOX Sports.
Gostaram, mas não marcaram uma data para me entrevistar. Não pensei duas vezes:
comprei uma passagem de ônibus e fui bater na porta deles, na sede do Rio de Janeiro.
Me deram a chance de fazer um teste no Vasco no dia seguinte.
Depois de uma semana, eu estava desembarcando na capital fluminense. Empregada.
E quase oito anos depois, após infinitas coberturas de competições nacionais e internacionais, reportagens, milhares de entrevistas e muitas horas de programas ao vivo apresentados,
eu venho aqui contar essa história.
Tudo isso pra dizer que, se você realmente quer… TEM JOGO!